mar doce

mar e doce é o amor...

2006/06/23

Espelho

"Me & Mrs Jones" de Billy Paul estava no top no dia em que me vi ao espelho.
Era um reflexo estranho, mas ao mesmo tempo familiar...
Tinha estado esse tempo todo no centro das atenções e acabava de entrar nas nossas vida uma menina baptizada com o nome das avós. Gostos discutiveis, mas neste caso sem possibilidade de discussão, adoptou um à sua escolha e cresceu a responder a um nome que não o seu.
Era um corpo estranho aos habitos adquiridos e entranhados na minha existência, passei a ser o mais velho e sábio, de repente no meio do descontrolo sentia que detinha o poder, essa bela sensação fugaz e perigosa. Na minha pequenez sentia-me responsável, tutor, dono,...
Como estava enganado...
O que eu queria era um cão, não um irmão ainda por cima do sexo oposto, nesta altura o sonho de todos os país era ter um casal.
Um casal de pássaros ou de peixes é compreensivel desejar, mas sem intuito de procriação já não faz qualquer sentido ter um casal!
Estava de novo enganado....
Todas as crianças deveriam ter pelo menos um irmão, seja ele mano ou mana, seja ele bonito ou feio, divertido ou enfadonho. É a maneira mais simples de educar e crescer, por comparação, por análise do outro, por pura competição pelo amor que não compreendemos dividido. É uma excelente maneira de no futuro compreender o nosso par, perceber os seus comportamentos e manias, receios e frustações.
Descobre-se o amor e o ódio através dos olhos de um irmão, é um tubo de ensaio, prepara-nos para o exame que tanto queremos que corra bem, o da vida.
Hoje sei que não aproveitei como devia este factor maravilhoso e caido em desgraça, porque não queremos ensinar aos nossos filhos a chave da vida que é o de saber partilhar, antes preparamos seres egoistas e individuais porque o mundo assim os deseja.
Conseguiremos mudar? Acho que não!
Que bom é ter um irmão para aprender a viver...